terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Continuação do acidente em Belém

 Empresa responsável por prédio que desabou é investigada
Data: 31/01/2011 / Fonte: Portal ORM, CBN e O Globo
Foto: Reprodução/Portal ORM



Belém/PA - O Ministério Público Estadual do Pará instaurou um inquérito civil para apurar a responsabilidade da Construtora Real no desabamento do prédio de mais de 30 andares em Belém, no Pará, no último sábado, 29. O inquérito será conduzido em conjunto pela Promotoria de Justiça do Consumidor e do Meio Ambiente que vai atuar em relação aos prejuízos daqueles que foram afetados pelo desastre. Cerca de 200 pessoas de prédios vizinhos ao desabamento tiveram que deixar suas casas.
Os bombeiros e a Defesa Civil continuam as buscas aos desaparecidos no desabamento do Real Class, no bairro de São Brás, região central de Belém. Uma mulher de 67 anos morreu no acidente e duas ficaram feridas. Dois operários seguem desaparecidos. Estão sendo usados cães farejadores e um aparelho detector de ruído. Sensores foram espalhados pelo local do acidente. Cerca de cinquenta bombeiros e 30 homens da Defesa Civil estão no local.
Os três prédios próximos ao local do acidente foram liberados no fim da tarde deste domingo para que os moradores pudessem retirar seus pertences. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Belém, Mário Chermont, os moradores só podem ter acesso aos apartamentos acompanhados de um militar do Corpo de Bombeiros e de um técnico da Defesa Civil. Até o momento, a Defesa Civil contabiliza quase duzentas pessoas desabrigadas. Elas moravam no perímetro onde houve o desabamento. Boa parte foi remanejada para o hotel Fórmula 1, na Avenida José Bonifácio.
A construtora informou que a obra estava regulamentada e todos os procedimentos padrões foram realizados durante a construção do prédio de mais de 30 andares, mas o Ministério Público faz buscas de documentos na sede da empresa. O objetivo é saber que tipo de material foi usado na obra e se eles estão de acordo com as expecificações do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) Uma empresa terceirizada teria feito a fundação do edifício, que acabou desabando.
A construtora negou que o solo fosse impróprio para a construção. "Não existe solo impróprio. Se isso fosse real, a ponte Belém/Mosqueiro não existiria, pois foi construída em cima da lama, assim como a ponte Rio/Niterói" explicou o proprietário da construtora Real, Carlos Otávio Lima Paes. A construtora negou ainda que as casas ao lado do prédio que desabou estivessem rachadas. Entretanto, moradores que protestavam no local desmentiram a informação e afirmavam também que estão desabrigados e não foram assistidos pela empresa. Um engenheiro contratado pela construtora Real, professor da UFPA, Nagib Charone, explicou durante a coletiva que o desabamento foi parecido com uma implosão. Segundo ele, o que pode ter ocorrido, é que uma dos pilares cedeu e o peso do prédio foi distribuído para os outros pilares, parecendo com uma implosão.
Segundo um vizinho da obra, o desabamento foi `uma tragédia anunciada`. O jornalista aposentado Donizete César contou que várias denúncias sobre irregularidades na construção já haviam sido feitas à Polícia e ao Ministério Público. Depoimentos de familiares também revelam possíveis irregularidades da obra. Segundo Madalena Ferreira, 31 anos, irmã de Max Ferreira dos Santos, um dos operários da empresa de engenharia responsável pela construção do prédio e que está desaparecido, o desastre já era de se esperar. "Há uns dois, três meses atrás meu irmão chegou em casa falando que a obra iria ser interditada por irregularidades, mas que a empresa tinha conseguido uma liminar para continuar a obra. No momento nem ficamos tão preocupados, mas agora com a tragédia, vem tudo isso à mente" relata Madalena.
Sobre possíveis denúncias que teriam sido feitas ao Ministério Público por moradores da área, os promotores Marco Aurélio Nascimento (de Defesa do Consumidor), José Godofredo Santos (Urbanismo) e José Maria Lima (Constitucionais), que também foram ao local nesta manhã, informaram que o órgão não recebeu nenhuma denúncia relativa a questões estruturais da obra. "Não podemos partidarizar um fato dessa natureza. As denúncias feitas não envolvem questões estruturais, envolvem questões referentes a prazo de entrega da obra" ressaltou o governador Simão Jatene, que acompanha os trabalhos de resgate.  

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